Para transpirar é preciso inspirar: mulheres que me inspiram

Existem várias pessoas nesta vida que me inspiram. Algumas são normais, outras famosas e algumas nem existem. Mas o fato é que quando tem a minha admiração, dificilmente deixará de ser lembrada por mim. Especialmente por este motivo, decidi fazer um post apenas para as figuras femininas importantes no meu ponto de vista.

Frida Kahlo

Muitas pessoas já devem ter ouvido falar nessa artista mexicana que transformou dor em arte. Sem mais clichês: Frida me inspira. Não apenas por ter lutado pela vida depois de sofrer um acidente de bondinho, ser abandonada pelo noivo a seguir, conhecer um homem e casar com ele para depois descobrir que o mesmo a traia com nada mais, nada menos do que sua própria irmã. Mas me inspiro nela pelo fato de que ela era humana e não essa figura imbatível que criaram dela. Ela sentia angústias e deixava tudo isso bem claro em alguns de seus quadros (como por exemplo na obra "o que eu vejo na água ou o que a água vê em mim"). As pessoas criaram uma falsa Frida, uma Frida feminista que lutava pela igualdade de direitos entre os sexos, o que não é verdade. Frida era totalmente apaixonada por Diego Riviera (o cara que a traiu com a irmã dela) e algumas vezes, em seu diário, chegou a demonstrar que era submissa às vontades do amado. Com certeza, isso não é feminismo. Além de uma grande artista, considero Kahlo uma grande escritora também. Algumas de suas frases estão entre as minhas favoritas. Não consegui escolher apenas uma, então deixo aqui o link para quem quiser ler algum dia.
No inicio do ano, compareci a uma peça sobre o relacionamento dela com o marido. Foi divertida, emocionante e também muito instigante. Sem dúvidas foi a melhor peça que já assisti.

https://pbs.twimg.com/media/CEGRggFW0AE6pZ2.jpg

Luz Del Fuego


Não me lembro ainda da onde conheci a Luz Del Fuego, ou Dora Vivacqua (nome verdadeiro), mas fico muito feliz de saber que existiu uma pessoa como ela e principalmente: que era brasileira. Em pleno século XX, vinda de uma família tradicional (e consequentemente rica), Dora abandonou os 14 irmãos e os pais para entrar no circo. Lá, adquiriu o nome de 'Luz Divina' que logo foi substituído por Luz Del Fuego, nome de um batom recém-lançado na época. Ela simplesmente escandalizou toda a sociedade brasileira nos anos 1950 e chegou a ser capa da revista norte-americana Life. Para mais informações sobre a vida pessoal e seus trabalhos, é só clicar aqui.

Sempre estive com um "pé atrás" em relação as pessoas que vieram de berço e se atiraram no mundo artístico. Em alguns casos, é óbvio que a pessoa só quer "se aparecer". Mas acontece que atualmente só participamos ou fazemos algo porque é normal. O nosso normal hoje não era normal há 70 anos atrás e para que hoje fosse considerado habitual, alguém precisaria ousar e fazer há 70 anos atrás. Complicado, não é mesmo? O que eu quero dizer é que para algo se tornar comum a todos, alguém precisa fazer. E foi isso que Del Fuego fez: rejeitou marido, família e uma vida tipicamente "perfeita" para quebrar paradigmas que, mais cedo ou mais tarde, ajudariam a desmembrar a estrutura patriarcal no Brasil.

Tarsila do Amaral

Concluí meu ensino fundamental I em uma escola que tem o nome da artista. Logo, desde cedo tive contato com as obras (que na verdade eram reproduções) e a vida pessoal da Tarsila. Se eu disser que naquela época eu ligava para arte e afins, vou estar mentindo. Mas o que posso afirmar é que foi lá que aprendi o básico para compreender algumas pinturas dela e de outros. Como a maioria aqui apresentada, Tarsila do Amaral também veio de uma família prestigiada. Seus pais eram ricos donos de fazendas, o que dava a ela uma oportunidade fazer o que muitas mulheres na época eram inibidas de realizar. Graças ao seu status, ela conseguiu o divórcio do primeiro marido, que reprovava as escolhas de vida da mulher. Tarsila viveu muitos romances (seis, se não me engano) e um deles foi com o poeta Oswald de Andrade, que a traiu anos depois com a jovem Pagu. A artista continuou a trilhar seu caminho e em alguns momentos passou por situações nada felizes, como a morte de sua neta Beatriz (que morreu afogada) e alguns anos depois a de sua filha, Dulce.
Acho Tarsila incrível pela vida que ela teve: amores, arte e prestígio. Não é sempre que vemos uma pessoa se inspirar em alguém que não tenha passado por "tragédias", até porque atualmente as pessoas esperam alguma coisa ruim acontecer com alguém para dizer que "são verdadeiras heroínas". No entanto, para mim, não se torna necessário uma pessoa ter uma vida turbulenta para me fazer acreditar que ela é notável. E isso acontece com a Tarsila do Amaral.

Maysa

Quase me esqueci da Maysa. Quase. Maysa conheceu seu futuro marido quando tinha 15 anos, casou-se com ele aos 18. Acabou se divorciando amargamente do mesmo, com quem teve um filho, o diretor Jayme Matarazzo. Teve uma vida conturbada entre festas, bebidas e música. De uma maneira geral, não é a vida da cantora que me inspira, mas sim as músicas escritas pela mesma em uma fase bem deprê da vida. As canções passam por uma parte submissa à revolta por não conseguir esquecer o grande amor de sua vida. 
Essas poesias cantadas é que me fazem admirar a cantora. São músicas de alguém que fracassou, acertou e se iludiu tanto no amor, quanto na vida, o que vez ou outra sempre acontece. A figura, "visivelmente falando", de Maysa também me deixa admirada. Grandes olhos, grande voz, grandes figurinos e até mesmo grande personalidade. Apesar de não ter vivido na época, basta jogar o nome da cantora no Google, apertar 'imagens' e logo você entenderá: se sentirá intimidado pela marcante presença de Maysa, mesmo não estando de fato presente, o que torna tudo ainda mais incrível. 
Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim
Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí
Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar

Catarina, a grande

Nascida na Prússia, a originalmente Sophie, casou-se com o czar Pedro III e se transformou Imperatriz  da Rússia. Após o desastroso governo de seu marido, Catarina (assim foi chamada depois de seu casamento) deu um golpe de Estado e administrou todo o império com verdadeiras "mãos de ferro". Tinha vários amantes, os quais não se preocupava em ocultar. Fez diversas mudanças e transformou a Rússia em uma das maiores potências da Europa na época. Morreu por conta de um AVC, mas como a fama da imperatriz era grande devido aos seus inúmeros amantes, houve quem falasse que a causa da morte era por ter relações sexuais com um cavalo.
Agora eis o porquê de tanta admiração. Em pleno século XVIII, dar um golpe de Estado no próprio marido (tudo bem que as relações naquela época eram um tanto superficiais, ainda mais tratando-se de casamento arranjados), administrar um país que não é seu e ainda por cima ser uma mulher a realizar isso tudo, em um período em que o sexo feminino era inferiorizado, acredito que não é pouca coisa. Catarina conseguiu ser respeitada devido as grandes e boas decisões que tomou pela nação. Não é a toa que recebeu o nome de Catarina, a grande.

Bom, grandes mulheres, grandes histórias. E, pessoal, vamos concordar com a Laurel Thatcher: Mulheres comportadas raramente fazem história.

Espero voltar em breve,
Beatriz.

0 comentários:

Postar um comentário